Saturday, May 05, 2007

Roteiro malfeito

Estava sentado em um ônibus, quando ouvi dois pivetes conversando. Os dois deviam ter por volta de 13 ou 14 anos e vestiam roupas praticamente iguais, consistindo em bonés, shorts jeans, camisetas e tênis. Tudo em mau estado e sujo, combinando com seus donos.

-Ah, mano, amanhã eu vou na casa da Kauana!

-Sério mêmu? Ela é gostosa, num é não?

-Ô se é...vê se ucê vai lá também. Daí fica eu sozinho, mais você sozinho, e elas duas sozinha!

-Eu ovi falá qui as dua são virgem!

-Daí é mái gostoso, fais ''pop''...

- O Ispóque tá jurado de morte, num tá não?

-Acho que tá, ele fuma os baguio e fica muito lôco!

Enquanto observava a conversa, fiquei pensando em como aquele tipo de ser humano me incomodava no fundo da minha alma. Tentei achar as desculpas mais convencionais: ''Eles são pobres, coitadinhos!''. Mas não consegui justificar a bestialidade daqueles animais.
Cheguei em casa, pensei sobre o assunto e resolvi tirar tudo a limpo, escrevendo um texto no meu blog.
Desde que o blog é meu, e tenho poderes absolutos, resolvi mudar a situação.
Voltei no tempo, sentado no ônibus. Lá estavam os pivetes falando besteira. Peguei uma borracha Faber-Castell gigante e apaguei a cabeça dos dois. Nada! Parece que a cabeça não era uma parte muito importante de seus organismos primitivos.
Esfreguei a borracha com mais abrangência e apaguei os dois completamente. Depois peguei um lápis e desenhei duas garotas bonitas. Escrevi diálogos sobre a poesia de Mário Quintana e coloquei com delicadeza dentro de suas cabeças.Por incrível que pareça, elas puxaram conversa comigo.
Retribui, sem segundas intenções, e tive alguns diálogos muito bons.
Pouco tempo depois, tive que descer do ônibus e voltei para casa.
Cheguei mais cedo do que esperava, e li um pouco até a hora de dormir.

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